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Ex-oficial do Exército Brasileiro; Graduado em Engenharia Elétrica/Eletrônica; Especialista (MBA-Latus Sensus) em Gestão da Segurança Empresarial. Atual Cordenador e Professor do Curso Superior de Graduação Tecnológica em Gestão da Segurança Privada das Faculdades de Integradas Ipiranga; Professsor do ITAM para o curso de Técnico em Segurança do Trabalho; Professor do INABRA para o curso Técnico em Eletrotécnica; Consultor Independente em Segurança Privada.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Qual seria a função da Polícia no campus?

O Jornal do Campus ouviu autoridades e pesquisadores de segurança pública sobre a presença da Polícia Militar no Campus da USP e sobre propostas consistentes para solucionar a insegurança na universidade. As autoridades ouvidas foram: Maria Glaucíria Mota Brasil, professora da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e coordenadora do Laboratório de Direitos Humanos e Cidadania da UECE; André Zanetic, cientista político formado pela FFLCH-USP e autor da tese de doutorado A relação entre as polícias e a segurança privada nas práticas de prevenção e controle do crime; e Carlos Alberto Barbosa (Caio) Dantas, Pró-Reitor de graduação da USP de 1994 a 1997.

Jornal do Campus: Como ocorre a relação entre polícia militar e universidades brasileiras desde o fim da ditadura militar?
Maria Brasil: As relações sempre foram tensas entre polícia e universidades brasileiras, quer pela história de participação da polícia na repressão dos movimentos populares e sociais, quer pela participação direta da mesma nas práticas criminosas de torturas e assassinatos dos oposicionistas da ditadura; sendo muitos desses opositores professores e pesquisadores das universidades, essas lembranças ainda nos assombram.

JC: Você acredita que a Polícia Militar está preparada ou deve sofrer um treinamento específico para lidar e abordar estudantes e manifestações estudantis?
MB: A PM não está preparada para essa abordagem e, não vai ser apenas um treinamento que vai resolver o problema. A questão é mais complexa e diz respeito à constituição orgânica das forças militares como dispositivo de policiamento dos espaços públicos.

JC: Quais seriam as alternativas das universidades para o problema da segurança?
MB: O mais importante é tornar os espaços universitários centros de convivência, áreas de lazer e arte com alamedas, praças e ruas, iluminação e outras ações socioculturais que possibilitem a sensação de segurança individual e coletiva. As universidades não podem mais, em pleno século XXI, fechar seus portões aos setores marginalizados da sociedade brasileira. O desafio frente à insegurança é articular parcerias com diversos setores da sociedade por meio de diferentes políticas de intervenções político-sociais.
André Zanetic: Não há uma solução única nem mágica. A questão da entrada ou não da PM no campus, por exemplo, é uma falsa questão. Em maior ou menor grau, as polícias civil e militar sempre fizeram parte do contexto universitário, e certamente continuarão fazendo. Para certos tipos de ações relacionadas ao crime e à segurança não existe outra força capaz de fazer frente. Toda a questão reside na articulação entre essas esferas, no nível em que cada uma participará em maior ou menor grau, e na adequada interrelação entre elas.

JC: A senhora é favorável à presença da Polícia Militar em campi universitários?
MB: No caso das Universidades Federais essa presença é vetada, cabendo à Polícia Federal atuar nas ocorrências de crimes nesses campi. De modo geral, eles têm contratado serviços de empresas de segurança para fazer a vigilância e garantir a segurança nos campi. No caso das Universidades Estaduais, há serviços de vigilância realizados por empresas de segurança e a solicitação para que carros da PM dêem apoio à vigilância no campus. Sou favorável que a PM dê apoio ao serviço de vigilância e segurança feito por civis nas universidades.

JC: Qual sua opinião em relação à presença da PM na USP, especificamente? E qual seria a melhor solução para a onda de violência vivida pelo campus da USP, em São Paulo?
MB: Como já estamos cansados de saber, segurança pública não se reduz a “caso de polícia”. Precisam ser pensadas ações/políticas de curto, médio e longo prazo, capazes de alterar essa situação de insegurança que atinge a todos. O que está em jogo é a segurança coletiva, sem ignorar as liberdades individuais dos que vivencia os espaços acadêmicos. “Se o País não for para cada um, pode estar certo, não vai ser prá nenhum.” A Universidade tem que se abrir para o seu entorno e construir suas redes de proteção social, a presença da PM no campus é um paliativo que não resolve o problema, apenas adia a sua resolução.

JC: A distância entre os prédios e a baixa luminosidade de algumas áreas da USP colaboram com a violência no campus?
Caio Dantas: Sim. O principal problema do campus da USP é a dispersão geográfica. Os institutos são muitos distantes e cercados por árvores e áreas mal iluminadas. Além disso, a ausência de instrumentos da universidade, como bibliotecas e secretarias, funcionando durante o período noturno colaboram para o crescimento da insegurança.
No meu ponto de vista, é muito mais racional utilizar os espaços dos barracões como uma praça de aula, que agruparia diversos institutos, do que a construção de outros prédios administrativos.

Fonte: JORNAL DO CAMPUS, por  Marcelo Pellegrini

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